segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro.
Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).
Seja mais forte que eu e menos altruísta! Se vista bem... gosto de camisa e calças apertadas, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, peitos e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Aprecie a vida doméstica e odeie os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo minha, nem filha minha, nem minha mãe.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ...
Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ...
Deixa eu dirigir o meu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, não olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte todos os seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não beba, fume, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

E facilmente me adapto as suas manias e trejeitos.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Multiplicar-se



Não importa qual seja nossa habilitação ou nosso merecimento, nunca alcançaremos uma vida melhor até conseguirmos imaginá-la para nós próprios e permitir-nos tê-la. Deus sabe que isso é verdade!”.
Nos meus sonhos de futuro existe uma casa branca, térrea, de riscos coloridos e céu de azul forte, no Alentejo Litoral que talvez ainda me faça encaixotar e mudar mais umas coisitas dum lado para o outro...

Permito-me e espero (acredito que vale a pena). E você?

terça-feira, 20 de julho de 2010



Melhor Lugar

[Jorge Vercilo]


Se fosse por mim
Eu ficava
Mas vê como tudo lá fora mudou
O tempo passou
Feito um louco
Quebrando as vidraças
E a gente ficou
Aqui, sem ter nem pra onde ir,
Por medo ou preguiça
Aqui, ilhados por nós
Sequer rastreados por nenhum radar
Aqui parecia ser o melhor lugar

Quem disse que a gente precisa
Perder um ao outro pra se encontrar
Se nada nos prende ao passado
Não é o futuro que vai separar


Enfim
Encosta teu barco em mim
Que o sol já se pôs
A sós
O mundo termina
Na fina fronteira dos nossos lençóis
Em nós
Espalham-se os laços
Desfazem-se os nós

Sonhamos paisagens, compramos passagem
E nunca voamos pra lá
Enfim
Passeia tua boca em mim
Até me calar
Aqui ainda parece o melhor lugar
ps.:Porque eu te gosto e me permito mais uma vez. Vem comigo?

terça-feira, 15 de junho de 2010


Não costumo esperar muito de ninguém (não mais), hoje em dia é difícil me iludir. Odeio três beijinhos, aperto de mão, tumulto, frio, gente burra e mentira mal contada. Não puxo saco de ninguém, nem gosto que puxem meu saco também. Não tenho amigos por conveniência, não sei rir se não acho engraçado, não atendo o telefone se não estou afim de conversar, não sei fingir o que não sinto, nem tão pouco disfarçar o que me rodeia a mente.
Não sou pra todo mundo, gosto bem do meu mundinho cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. As vezes tem céu azul e brisa fina, outras tempestades e furacões. No meu pequeno mundo não cabe muita gente, e as pessoas que nele estão, não estão por acaso, são de certa forma necessárias.
Grande parte de mim acredita em finais felizes, relacionamentos duradouros e velhice compartilhada. Enquanto outra parte, tem quase certeza que eu só sei amar errado. Tenho uma metade que mente, trai, engana pra mim mesmo, pra me proteger talvez. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés (pra me aquecer no inverno). Outra que sobrevive sozinha. Metade auto-suficiente...
Certamente um dia você vai compreender que não existe nenhuma pessoa totalmente má, nenhuma pessoa completamente boa.Você vai ver que todos nós somos apenas humanos e sofrerá muito quando resolver dizer só aquilo que pensa e fazer só aquilo que gosta. Aí sim, todos te virarão as costas e te acharão mal por não querer entrar na ciranda deles, compreende?
Não sou boa com padrões e determinações pré estabelecidas, gosto muito de viver e sou intensa demais pra isso.
#Né?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Para meu querido pai...



Um homem que se finge de burro é mais burro do que um burro honesto.

O que me dói é ver um pai casar de novo e esquecer o filho do primeiro casamento. Esquecer. Nenhum cartão de Natal ou presente debaixo da lareira.

É que ganhou um herdeiro do segundo casamento, está envolvido na escolha do enxoval, no anúncio do jornal, em fumar charuto com o sogro e com aquela vaidade suprema de ostentar para sua esposa que é experiente e sabe segurar a criança.

Ele apaga a casa anterior — com o que havia dentro dela — e se apega à casa recente. Entende que sua criança ou adolescente cresceu o suficiente para não depender mais dele. Nenhum filho cresce o suficiente para ser órfão de repente, não importa a idade.

Aquele filho a quem amava e criava com zelo, a quem aconselhava e trocava as fraldas passa a existir somente como uma pensão, uma linha do seu contracheque. Não pergunta. Não telefona. Não se encontra fora de hora. Está muito ocupado criando um bebê. O que dá para entender é que ele não ama o filho, mas a mulher com quem se encontra no momento. Faz qualquer coisa para agradá-la, inclusive negar a paternidade do primeiro casamento.

É do tipo ou tudo ou nada, ligado à figura masculina patriarcal, que oferece e tira conforme suas vantagens. Não é bem um pai, mas um latifundiário emocional, desconfiado, sob permanente ameaça de invasão de suas terras.

Mãe é diferente, sempre se elogia quando menciona seu filho. Mareja os olhos ao mexer na gaveta das camisas, coleciona bilhetes e desenhos, inventa uma porção de neologismos no abraço. Não se guarda para depois, para um melhor momento, está disposta a conversar pressentimentos e costurar recordações.

Pai costuma se omitir no momento do desabafo. É comedido demais para estar vivo. Troca de personalidade, de residência, de amor, o que precisar, no sentido de prevenir a sobrecarga de problemas. Para namorar, ele some por meses (exatamente o contrário da mãe, que administra o final de semana sem nenhum apoio). Homem ainda não conseguiu conciliar sua vida profissional com a afetiva. Não é capaz de unir nem a vida afetiva pregressa com a vida afetiva atual. Cuida de um afeto por vez.

Pai não forma sindicato, não cria associação. Continua defendendo que ninguém tem o direito de se meter na vida dele e converte em inimigos os amigos que insinuam sua indisposição filial.

Ele se separou de uma mulher, não do seu filho, mas culpa o filho porque não consegue completar uma frase com a ex. Parte do princípio de que ajudando o filho está ajudando a ex. Gostaria de matá-la, mas então se mata para o filho.

Ou entende que seu filho deve procurá-lo, cria paranoias e neuroses para aliviar sua culpa. Age como um ressentido, fala mal do filho do primeiro casamento para a mulher do segundo casamento, alegando ingratidão. E a mulher do segundo casamento concorda com o absurdo porque está preocupada com o nenê e deseja a exclusividade do marido. E não entende que um irmão depende do outro irmão, que uma família não cresce por empréstimos.

Homem tem que aprender a sofrer em público, sofrer por um filho o que sofre por uma dor de cotovelo, apanhar das cólicas e da coriza, desabar numa mesa de bar, beber interurbanos, fechar a rua e o sobrenome para encurtar distâncias, chorar nas apresentações escolares, fingir abandono a cada despedida, para só assim mostrar que pai, pai mesmo, nunca será dispensável.
F.C
#Ficaadica
#Quemsabeficaesperto.

quarta-feira, 26 de maio de 2010


"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que nunca dura, o que sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo; e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja."
Clarice...

domingo, 16 de maio de 2010


Porque a gente se apaixona por quem a gente se apaixona?